segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Você já parou para se pensar que nos dias de hoje, apesar de contarmos com diversos recursos tecnológicos e vasto conhecimento sobre inúmeros assuntos, ainda presenciamos acontecimentos absurdos envolvendo todo o tipo de ser vivo, inclusive a humanidade? O post de hoje trata sobre valores, padrões, hábitos, consumo e atitudes de uma parcela importante da nossa sociedade, os jovens. Acompanhe. 
Boa leitura!




JUVENTUDE E OS NOVOS PADRÕES DE CONSUMO – 
AGIR LOCAL E PENSAR GLOBAL
Diogo D. Pires – Giivago B. de Oliveira – Thaís L. Cruvinel



    Vivemos em um mundo voltado para o consumo, isto é inegável, diga-se de passagem que cada vez mais os seres humanos optam por padrões de consumo que excedem as suas necessidades, chegando aos limites do planeta. Para Marx, o homem é o primeiro ser que conquistou certa liberdade de movimentos em face da natureza. Através dos instintos e das forças naturais em geral, a natureza dita aos animais o comportamento que eles devem ter para sobreviver. O homem, entretanto, graças ao seu trabalho, conseguiu dominar em parte, as forças da natureza, colocando-as a seu serviço.


     A natureza há muito tem servido a humanidade a partir dos seus recursos naturais, sejam eles provenientes da terra ou oferecidos pelos recursos hídricos, que pela mão humana passam por grandes transformações, até se tornarem algo palpável e objetivo, que em suma, acaba virando apenas um produto. Mas, até que ponto o planeta suportará este papel?

      A Agenda 21 Global, em seu capítulo 4 (MMA- Brasília), trata da mudança dos padrões de consumo apresentando como um de seus objetivos amplos: “desenvolver uma melhor compreensão do papel do consumo e da forma de se implementar padrões de consumo mais sustentáveis.”

        O crescimento do consumo é considerável entre os jovens que priorizam o sentido do “Ter” em detrimento do “Ser”. Para que sejam incluídos em seus círculos de amizade é cada vez mais constante a necessidade entre eles de ter ou pelo menos aparentar ter aquilo que todos por sua vez já estão usando. Seja uma roupa da moda, um celular novo, comer no novo fast-food da cidade, seguir um estilo musical que não o agrada, mas que por sua vez está “bombando” no momento, ou mesmo gastar com coisas que estão fora da sua realidade.

      Nestes círculos sociais em que a juventude está inserida, a mesma é incitada a adquirir sempre produtos expostos através da mídia e que estão na moda. Muitos deixam de expressar suas vontades e anseios através da personalidade própria, simplesmente pelo fato de que, se não se adequarem ao que os outros estão exigindo, provavelmente serão taxados e excluídos dos grupos sociais que frequentam. 





Surge, neste sentido, a importância de construir novos padrões de consumo, que respeitem o ambiente que nos cerca e promovam a partir disto, mudanças de atitudes e de hábitos que agridem o planeta. Adotar práticas de consumo sustentável é uma questão de sobrevivência.

         Segundo a YouthXChange, em seu Manual de Educación para un consumo sostenible, a idéia de consumo sustentável se refere ao conjunto de ações que tratam de encontrar soluções viáveis aos desequilíbrios – sociais e ambientais – por meio de uma conduta mais responsável por parte de todos. O consumo sustentável relaciona-se, portanto, com a produção e distribuição, o uso e a eliminação de produtos e serviços proporcionando meios de repensar seus ciclos de vida.



Tudo aquilo que produzimos, administramos ou consumimos, agride diretamente o planeta de uma forma ou de outra. Como podemos mitigar estes impactos ambientais? Talvez não haja respostas imediatas, mas com certeza já existem muitas estratégias interessantes para enfrentar esta problemática. Muitas delas têm sido aplicadas pelos movimentos de juventude e meio ambiente, como os Coletivos Jovens de Meio Ambiente e a Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade. Esses movimentos baseiam suas ações na Educação Ambiental informal, centrando suas ações na sensibilização que possibilita a transformação individual e coletiva.


 
De grandes ações a pequenas atitudes, muitos podem ser sensibilizados. É o que nos apontam diversos projetos e experiências planejadas e realizadas por jovens, para jovens e com jovens. Entre eles:


        a) A produção, divulgação e disseminação de vídeos socioambientais que abordam a questão do consumo sustentável, que direta ou indiretamente podem surtir grandes transformações.


Uma dica é assistir ao spot de vídeo, da Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade, que pode ser acessado pelo seu portal: www.rejuma.org.br.


 


         b) A realização de pequenos e grandes eventos, rodas de conversa, bate-papos, oficinas, ou qualquer que seja o modo de se encontrar, mas que busquem sempre a reflexão e o debate de ideias, que pautem novos modos e estratégias para mitigar os impactos ambientais e sociais, envolvidos na questão do consumo. Um exemplo foi a realização da Oficina de Consumo Sustentável no II Encontro dos Coletivos Jovens do Nordeste, durante o II Encontro Nordestino de Educação Ambiental (2007), em Maceió-AL, ou a realização do Encontro Nacional: Os Olhares da Juventude sobre o Tratado de Educação Ambiental (2008), em Pirenópolis-GO. Os encontros regionais de Juventude e Meio Ambiente (como o Encontro Amazônico, o Encontro dos CJs do Centro Oeste e os Encontros Estaduais de Juventude e Meio Ambiente – EEJMA, que em Goiás por exemplo, já aconteceram quatro vezes, resultando no texto-base do Programa Estadual de Juventude e Meio Ambiente que será rediscutido no V EEJMA-GO em 2010) envolvem uma juventude de imensurável participação política, socioambiental, ativista, que tem ideias, conceitos, modos de conduta alternativos, e se encontram nesses eventos com um único propósito de aprender, trocar experiências e conhecer novos modelos de atuação, tudo em torno de causas ambientais.


c) A organização de Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas, as Com-Vidas, a partir de uma metodologia transformadora, que incentiva e auxilia na construção das Agendas 21 nas Escolas e promove ações que sintonizam a escola em torno de práticas ambientais. Dentre estas práticas, podemos citar a Horta Comunitária, como ferramenta ecopedagógica que prioriza alimentos orgânicos e saudáveis e ajuda no orçamento da escola ao produzir seus alimentos, incentivando o consumo consciente e sustentável.

d) A realização de campanhas que incentivem a redução do consumo. Um exemplo é a campanha Pró-Caneca, realizada pelo Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Goiás, que incentiva o uso de canecas duráveis ao invés dos copos descartáveis, pois, um dos maiores problemas enfrentados pela Gestão Pública, são as destinações dos resíduos sólidos, principalmente os resíduos considerados não degradáveis, como é o caso dos copos descartáveis. A utilização das canecas exerce um importante papel educativo na sociedade, estimulando cada indivíduo a incorporar a idéia de redução do consumo e do desperdício. 
Inserir a temática do consumo sustentável na pauta da juventude é pôr em prática a conhecida máxima ambientalista Agir Local e Pensar Global. Isto mais do que nunca precisa ser reforçado e assumindo por pessoas desta geração.

É chegada a hora de agir e de promover grandes círculos de transformação da humanidade, a partir das ações e das redes de experiências que permitem a construção de novas metodologias e práticas que busquem a sustentabilidade e um consumo verdadeiramente consciente e sustentável.




Referências Bibliográficas:


UNESCO-UNEP. YouthXChange.  Manual de educación para um consumo sostenible. 2002.
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 1992: Rio de Janeiro.

 





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